quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Mulher coragem


Que importa se muitos te pensam prostituta,
Pelos homens que metes contigo na cama,
Já que outras parecendo de boa conduta,
Também o são quando lhes falta a chama!

Não te importes do que de ti dizem,
Porque outras também as hão,
Sem o grato prazer do que fazem,
Apenas fazem por aquilo que lhes dão!

Acredita! Não basta ter boa aparência,
Para que se possam livrar da má fama,
É preciso também saber amar na cama,

Usar de toda a boa prudência,
Salvar as aparências, escapar da trama,
Sentir o amor com toda a chama!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Consciente inconsciente versus arte e literatura

A literatura foi a primeira linguagem matemática do ser humano, ainda muito antes de ter sido inventada a escrita. Muito antes do ser humano ter começado a registar pela linguagem escrita as suas obras, já ele o fazia pela oralidade utilizando o raciocínio matemático, daí a razão da linguagem poética, porque essa era a forma mais fácil de fixar os conceitos e memorizá-los. A linguagem poética utiliza conceitos matemáticos simples estando entro eles a rima e a métrica.
Na antiguidade clássica e ainda antes disso, os grandes filósofos profetas e religiosos, (como Sócrates, Buda e Jesus Cristo por exemplo), os conceitos filosóficos e as obras de literatura eram exprimidos e passados de geração em geração apenas pela memorização e pela linguagem oral. Só muito depois é que apareceram os escribas, uma espécie de escriturários burocratas daquele tempo, (muito bem pagos por sinal), para registar na escrita aquilo que eles diziam! Por muito estranho que nos possa parecer, os escritores e os filósofos, ao longo do curto percurso conhecido da história da humanidade, tal como nos são relatados na história do pensamento literário, apesar do mito dos números, identificam-se muito com a matemática!
Quero com isto dizer que, para se ser um bom escritor e poeta, ou mesmo artista de qualquer outro ramo, antes de tudo o mais, tem de se ser um bom matemático e ter um bom raciocínio lógico. Acontece apenas que os nossos professores de matemática não sabem, (ou então não sabiam),
ser bons pedagogos e ao transmitirem os seus conhecimentos, no contexto do ensino aprendizagem, raciocinam, (ou raciocinavam), muito rápido, perdendo-se nas suas divagações e então os alunos acabavam por não apreender os conceitos básicos, desmotivando-se da sua aprendizagem, daí as falhas no ensino disciplinado de tão bela e maravilhosa disciplina do ramo das ciências. Homero disse um dia que a escrita iria estragar a beleza da literatura pois ia destruir a declamação e a oralidade. Actualmente passa-se o mesmo quando dizemos que as novas tecnologias estão a estragar os livros, quando estes são apenas um dos grandes suportes disponíveis para o registo da obra literária. Já existem outros pouco divulgados, estou-me a lembrar por exemplo do livro falado. E o que é senão suporte literário a adaptação argumentativa para o teatro e para o cinema de uma determinada obra literária?
Comigo sucede muitas vezes algo de estranho, quando estou num determinado lugar e vem-me repentinamente ao pensamento uma determinada ideia e não tenho ao meu alcance algo com que a registar de imediato, ou porque vou a conduzir, ou porque estou a dar uma aula, ficando muito frustrado porque não registei no momento aquilo que me estava a acontecer. Mais tarde a frustração é ainda maior porque já não sei aquilo que me tinha vindo ao pensamento para poder registar em linguagem escrita. Podia de facto ter utilizado um suporte disponível actualmente, como um gravador áudio, mas isso pode ser considerado ridículo, andar por aí com um gravador de bolso aguardando que surjam ideias, mas há muitos que o fazem. Ora, não registar no momento exacto aquilo que vem ao pensamento, por vezes é muito frustrante, sucedendo-me muitas vezes, em especial quando estou inspirado e pretendo escrever um poema ou um pequeno texto. Trata-se de um conflito entre o nosso consciente e o nosso inconsciente.
O nosso consciente é aquilo que queremos realmente ser, aquilo que a nossa sociedade nos faz querer ser, nos obriga a ser com as suas leis, nos baliza, nos parametriza! Nós não queremos, (ou pensamos que não querer ser), nem misóginos, nem andróginos, nem racistas, nem bandidos, ou assassinos, nem homossexuais ou bissexuais, porque é isso que a nossa sociedade diz que não devemos ser, mas inconscientemente inventámos as guerras e os conflitos para descarregar a nossa combatividade e belicosidade, e reprimimos e escondemos profundamente a nossa agressividade natural e os nossos desejos sexuais mais íntimos. Também somos aquilo que somos, e não o que aparentamos querer ser! Os nossos comportamentos sociais e as nossas tendências sexuais, não são, muitas das vezes, aquilo que aparentamos demonstrar ser à sociedade e ao meio que nos rodeia familiarmente no nosso dia-a-dia, aquilo que o nosso consciente quer que sejamos, mas sim aquilo que nos está recalcado em milénios de civilização no nosso inconsciente. São os genes dos nossos antepassados, dos nossos pais, avós, bisavós, etc., que estão lá, inculcados no nosso inconsciente em mínimas partículas. Quando, por qualquer doença civilizacional, somos confrontados pelo desgaste do stress, ou da pressão do nosso dia a dia, explodimos, sendo essa uma forma de procurar o equilíbrio entre o nosso consciente e o inconsciente. Algumas vezes começamos por berrar e gritar utilizando impropérios e blasfémias. Outras, já no seu extremo, batemos sem razão aparente no nosso adversário ou familiar. Tendo acontecido já, na sua forma extrema, aparecer quem não se controlando, acabar por saltar para cima do telhado da escola e começar aos tiros a matar indiscriminadamente.
A dissertação já vai longa, tudo a propósito de alguém me dizer que como técnico não iria ser o melhor a dar a sua opinião sobre um meu manuscrito. Não pretendo alongar-me muito mais, apenas quero terminar dizendo que, um tecnocrata não deve menosprezar as tuas aptidões ocultas de artista, só porque utiliza os seus conhecimentos matemáticos na actividade técnica da sua profissão, sem se aperceber que, até pode muito bem ter aptidões de artista plástico, sem disso ter consciência, por exemplo, que até é com muito talento que exerce a sua actividade profissional, e nas horas livres tem hobbies interessantes, sejam eles na pintura ou na fotografia e nessas horas vagas até é capaz de escrever alguns poemas bastante bonitos.
Se quem me está a ler neste momento, seja ele homem ou mulher que exerce a sua actividade como pessoa dos números, desejo saber da sua opinião, para que possa então debater um tema tão interessante.
Sande Vila Nova, Guimarães, 30 de Janeiro de 2008